quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Evangelho da segunda chance...


Não existem muitas segundas chances por aí. No mundo atual, impera a necessidade do "hoje" e do "agora" característicos da geração fast-food. As pessoas não tem mais paciência, e a arte de esperar há muito parece ter sido esquecida. 

Quantas vezes passamos por isso? Quando fomos deixados de lado na escolha do time da escola, quando fomos trocados por alguém mais novo, mais forte, mais rápido... ou talvez por motivos que nos são desconhecidos. O fato é que enfrentamos situações assim: toda nossa esperança parece se esvair pelos nosso dedos. Não há luz no fim do túnel e nenhuma opção parece ser viável.

O que fazer? Existe algo em que possamos depositar nosso coração?

Existe a possibilidade de recomeçar?

Dentre tantas preciosidades existentes nas Escrituras, há uma que deve sempre estar diante de nós:

"...eis que faço novas todas as coisas..."  Ap 21.5

Isso não é reconfortante? Saber que nossos fracassos não são o fatais, e que onde há ruínas uma nova vida pode brotar?

Um dos apóstolos de Jesus, Pedro, sabe muito bem o que é ter uma segunda chance. Seu temperamento impetuoso o tornou um dos principais apóstolos, fazendo parte do círculo mais íntimo de Cristo. Momentos antes de Sua prisão, Jesus revela a seus discípulos que eles iriam o abandonar e mais tarde, após a ressurreição, os encontraria. E quem toma a palavra? Pedro, que afirma:

"mesmo que todos te abandonem, eu nunca te deixarei" Mc 14.28

Podemos imaginar Pedro batendo no peito afirmando estas palavras: "Jesus, eu não sei dos outros, mas pode contar comigo! Eu nunca vou te deixar...". 

Fazemos isso, não? Com mais frequencia do que gostaríamos de reconhecer. Julgamos os outros a partir de um ponto de vista (nosso ou externo) e, comparando-nos com os outros, dizemos: "Eu não seria capaz de fazer isso, ou falar aquilo, ou agir assim...sou bom demais, Jesus! Eu tenho a força e a vontade para me manter firme. Nunca vou vacilar...". Afinal de contas, sempre há alguém pior do que nós...

É. Certas coisas preferiríamos nunca ter dito...

Em seguida, com Jesus já preso, encontramos Pedro ao lado de João dentro do pátio da casa de Caifás:

"Mas, quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro assentou-se com eles" Lc 22.55

Os acontecimentos então se desenrolam de uma forma dramática. Por três vezes as pessoas ali presentes apontam para Pedro, dizendo que ele era um dos discípulos. E em todas elas, Pedro nega a afirmação, chegando mesmo a amaldiçoar-se!

"Pedro começou a amaldiçoar-se e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais!" 
Mc 14.71

O golpe final veio quando, após negar ser um dos discípulos pela terceira vez, seus olhos encontram os de Jesus:

"E aconteceu que o Senhor encontrou-se com Pedro e o olhou diretamente nos olhos. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe havia predito: Antes que o galo cante hoje, tu me negarás três vezes. Então Pedro, retirando-se dali, chorou amargamente" 
Lc 22.61-62

O texto grego aqui usa a expressão pikros (πικρως ) que traz a ideia de uma dor aguda, dura e fatal. O que você sentiria no lugar de Pedro? Talvez você não se veja desta forma, mas quantas vezes fracassamos naquilo que garganteamos como vitória? Como Pedro, batemos no peito de dizemos: "pode deixar comigo. Eu nunca vou fazer isso...ou voltar àquele lugar...ou falhar com você novamente...foi a última vez..."  e os discursos são os mais variados, porém a tônica é a mesma. Somos confrontados com nossas próprias palavras, e a realidade às vezes é dura demais.

Tão dura que nos faz querer voltar atrás...desistir de tudo e aceitar a derrota. É interessante analisar as derrotas que sofremos. Somos derrotados pelo tempo, por pessoas, situações...mas a pior de todas é quando o inimigo somos nós. Aqui a força de muitos desaba, e com Pedro foi assim. 

Lembra-se o que Pedro fazia antes de seguir a Jesus? Ela era pescador...e após todos estes acontecimento, onde o encontramos? Veja:

"Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu ...e Simão Pedro disse-lhes: vou pescar. E eles o encorajaram: nós vamos contigo também, e saíram..." Jo 21.2-3

Pedro volta a pescar! Obviamente não há mal algum nisso, mas é interessante como Pedro age após o fracasso: volta à antiga vida! Tenha em mente que Jesus já havia ressuscitado e aparecido a eles, mas de algum modo, isso parece não motivar a Pedro a perseverar e a pregar a ressurreição do Mestre. Observe como o fracasso tem o poder de, mesmo presenciando um milagre, nos deixar abatidos e derrotados. É impressionante como ficamos insensíveis às Boas Novas quando estamos assim...

Então a intervenção divina acontece...quando algumas das mulheres que haviam se tornado discípulas de Jesus vão ao sepulcro, encontram dois anjos que, proclamando a ressurreição de Jesus, mandam um recado aos discípulos:

"Agora ide, dizei aos discípulos e a Pedro que Ele está seguindo adiante de vós para a Galiléia. Lá vós o vereis, assim como Ele predisse".  Mc 16.7

Viu a ênfase ali? Havia um recado especial a ele, e o milagre estava prestes a acontecer.

Deixe agora que o texto fale por si...acompanhe:

"Jesus disse-lhes, então: Rapazes, tendes alguma coisa para comer? Eles responderam-lhe: Não. Disse-lhes Ele: Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar. Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar.  Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água.  Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros.  Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão". Jo 21.5-9

Impressionante! Os mesmos elementos encontrados na ocasião da negação de Pedro: uma fogueira, uma roda de pessoas...e Jesus! Agora Ele estava ali...e o final do diálogo com Pedro é segue-me (v.19).

Uma segunda chance.

Não é todo dia que você ganha uma segunda chance, e Pedro sabia disso. Quando soube que era Jesus, mergulhou nas águas frias do Tiberíades e não apenas nadou até a praia, mas entregou-se de tal maneira que marchou valentemente até Roma, pregando o Evangelho e morrendo crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como o Mestre.

Uma segunda chance.

Não é todo dia que você encontra alguém que lhe dê uma segunda chance. Muito menos alguém que faça isso todos os dias...

...mas em Cristo encontramos ambas as pessoas!

Solus Christus, 

Pr. Daniel

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O desafio de Abrão

E começamos 2012...

Nos corações e mentes existem os mais diversos sentimentos. Existem os animados e esperançosos por um ano melhor; há os indiferentes, para os quais só mudou mesmo a contagem do calendário e os desanimados, cuja descrença os acompanhou depois do feriado. 

Pensando nisso, este primeiro texto de 2012 trata de algo bem comum e aos mesmo tempo "ignorado" pela grande maioria. Coloquei ignorado entre parênteses de propósito, pois o sentido aqui é de que sabemos do que se trata, mas o ignoramos mesmo assim. E o prejuízo é só nosso...então, vamos ao assunto! O texto a seguir é bem conhecido para muitos e, por isso, alguns detalhes podem passar despercebidos...vejamos:

"Então disse o Senhor a Abrão: Saia da tua terra, do meio da casa de teu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei" Gn 12.1

É o famoso texto da chamada de Abrão, conhecido como o pai da fé. Dentre tantos motivos, gostaria de destacar um em especial, algo que antes não havia notado e que corrobora sua grande fé no Todo-Poderoso.

Antes disso, peço que leia com atenção o versículo acima. Agora, mais uma vez. Notou algo "estranho" ali? Algo diferente? Notou o contraste de informações? Se ainda não, raciocine comigo...

Ruínas de Delfos
O ser humano é curioso por natureza. Desde sua queda, o futuro certo que havia junto ao Pai foi lhe tirado, restando apenas a certeza da morte e do retorno ao pó. Assim, já há muito tempo o homem tenta, de algum modo, "prever" o seu futuro. Encontramos nas diversas civilizações do passado menções a profetas e oráculos, como o de Delfos na Grécia antiga. A pergunta ancestral sempre rondou nas mentes e corações humanos: O que me reserva o amanhã? 

Mesmo no meio cristão, os "profetas" parecem gozar de certa popularidade, e quem não fica ansioso quando Deus realmente se manisfesta no meio de Seu povo (ainda que não somente por profetas)? Quem não gosta de ouvir uma palavrinha do Pai sobre seu futuro que atire a primeira pedra...

Enfim: o ponto em questão é que todos, em maior ou menor grau, pensam sobre o amanhã. Claro, existe o planejamento (orçamentário, acadêmico, profissional, familiar) sadio, onde mensuramos os alvos e os passos que daremos para chegar lá, e também sonhamos sim com o amanhã. E porque não? Isso é saúde para nossas almas! É ótimo sonhar, planejar, mas...

(esse mas sempre nos incomoda)

O fato é que não temos controle nenhum sobre o amanhã. Nenhum. Planejamos, agimos, guardamos, gastamos, investimos...e nada disso pode sequer garantir que estejamos vivos amanhã. Aliás, existem diversos textos bíblicos que tratam do assunto:

"Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. É suficiente o mal que cada dia traz em si mesmo" Mt 6.34

"Agora, prestai atenção, vós que aclamais: "hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá nos estabeleceremos por um ano, negociaremos e obteremos grande lucro".Contudo, vós não tendes o poder de saber o que acontecerá no dia de amanhã. Que é a vossa vida? Sois, simplesmente, como a neblina que aparece por algum tempo e logo se dissipa" Tg 4.13-14

Interessante... mais ainda quando seguimos o texto e encontramos isso:

"Em vez disso, devíeis afirmar: se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.  Entretanto, estais agora vos orgulhando de vossas capacidades. E toda vanglória como essa é maligna"  Tg 4.15-16

Impressionante! Tiago aqui diz que não devemos planejar? Não! Mas é maligno confiarmos nosso futuro apenas em nossa capacidade e nossos talentos. Capacidade aqui, no grego, é (αλαζονειας - alazoneia), com o sentido de "alguém que confia em seu próprio poder e recursos; arrogância; confiança na estabilidade das coisas terrestres", segundo Strong's. O quadro é claro: existe uma tensão entre a "pretensa" autonomia humana caída e a soberania de Deus. E sabemos muito bem que dá a última palavra... Portanto, qual a cura para esta vanglória maligna? Reconhecer a soberania de Deus, conhecê-lo e, pela fé, confiar nEle. E isso, claro, não é assim tão fácil como parece.

Tenha em mente a natureza depravada do homem e sua luta de independência em relação à Deus. Lutamos inconscientemente contra a dependência. Queremos sempre as coisas do nosso jeito, mesmo cantando músicas que falem o contrário. Por isso, somos tão dependentes da graça de Deus que nos transforma e muda nosso coração de pedra em carne (Ez 11.19). Se fôssemos depender apenas de nossa vontade, estaríamos perdidos!

Então, qual o desafio neste ano que inicia? Aceitar o desafio de Deus a Abrão - leia novamente o texto:

"Então disse o Senhor a Abrão: Saia da tua terra, do meio da casa de teu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei" Gn 12.1

Atente às duas informações contida aqui: 


1) a especificidade naquilo que Abrão deveria deixar para trás: sua terra, sua família e a casa de seu pai.

2) a generalidade para onde Abrão haveria de ir: para uma terra que te mostrarei.

Isso não nos deixa nada confortáveis, não é? Preferiríamos o contrário, tipo: "Abrão, sai do lugar onde estás e vá para Canaã, na região norte, na cidade tal, bairro tal, e procure a casa na rua Jó e vá até a casa amarela da esquina". 

Ficamos nervosos, desatentos...perdemos a fome e corremos para todos os lados. Mas de nada adianta. Quanto antes aceitarmos o fato de que escutamos o que precisamos, e não o que queremos mais fácil será a jornada. O ponto é a especificidade de Deus naquilo que devemos abandonar. Sejam vícios, estruturas de pensamento, hábitos, lugares, pessoas...o fato de sermos filhos de Deus, pela fé em Cristo, nos habilita em sermos agregados à família de Deus e sermos transformados à imagem do Filho(Rm 8.29). Então, meu irmão, não adianta tapar os ouvidos: todos nós ouviremos de Deus o que precisa ser deixado para trás.

Aqui entendo o título de  pai da fé dado à Abrão. Ele foi o primeiro a encarar o desafio e aceitá-lo. Ainda que tenha levado Ló (quando deveria ter partido sem familiares), ele confiou que Deus era poderoso o suficiente para cumprir Sua Palavra. Deixou aquilo que lhe trazia segurança e partiu, tendo somente a garantia de que Deus estaria com ele. O resultado nós sabemos...Deus o prosperou em todas as áreas, e de sua semente veio o Messias.

E quanto a nós? Algumas lições parecem claras:

1) Planejar é sadio e correto - confiar em nossa capacidade não: é interessante isso, mas tudo que fazemos deve ser acompanhado de "se for da vontade de Deus". Isso nos faz lembrar quem somos e quem Deus é - acabando com todo orgulho que, no fim das contas, nos abate. Lembre-se que Deus resiste aos orgulhosos...

2) A ordem é clara quanto ao que deve ser deixado para trás: eu e você sabemos muito bem o que deve ser abandonado. Sejam hábitos, vícios, lugares, pessoas...e não adianta nos enganarmos a respeito disso. O prejuízo de ignorar isso é só nosso.

3) Há um chamado de caminhar com Deus, pela fé: Deus não nos mostrará o futuro. Não adianta correr atrás de profetadas  e coisas afins. Pode ser que eventualmente recebamos algum vislumbre, mas os detalhes são somente dEle. Isso é de propósito, pois saber o que irá acontecer no futuro não é viver pela fé/fidelidade. E a única estrada trilhada pelo cristão chama-se . Não há atalhos nem desvios. Aceitar essa realidade só nos ajudará no processo...


Bem...a realidade é que nossos planos e sonhos podem se concretizar. Ou não. Tudo depende da vontade soberana de Deus - afinal de contas, em nós está Seu querer e realizar (Fp 2.13) e nenhum de Seus planos podem ser frustrados (Jó 42.2).Isso não quer dizer, claro, que todos os nosso planos vem de Deus...isso só em oração podemos discernir. Portanto, que possamos viver menos ansiosos este 2012, crendo nos planos eternos do Pai (que certamente se cumprirão), e assumindo nossa responsabilidade de obedecer à voz do Espírito e abandonar tudo aquilo que foi ordenado por Ele.

E aproveite a viagem! Contemple a vista! 

Todo o trabalho é dEle!

Solideogloria

Pr. Daniel

(ouça este clássico)










segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Descanso: você está fazendo isso muito errado...


Fim de ano...

Geralmente, esta é uma época de férias para muitos ou, pelo menos, é o conceito generalizado encontrado por aí. Nesses dias, uma das expressões mais comuns encontradas é "estou cansado"... e realmente a maioria procura viajar ou ir para lugares distantes de sua rotina diária. Há, no entanto, um porém...

Dentre tantos assuntos comuns nesta época, quero destacar um em especial: o cansaço. O termo férias invariavelmente está conectado ao cansaço experimentado por muitos (ou todos nós...). Entretanto, se nos detivermos um pouco mais sobre o tema, iremos verificar que o remédio para o cansaço nem sempre é as férias. Afinal de contas, no que se pensa quando se está afadigado? Férias! Tem-se o conceito de que, para descansar de algo, basta parar de fazer aquilo que me cansa...certo? Nem sempre.

Quantos voltam do período de férias e, dias depois, estão esgotados? Sem força mental para continuar em frente? Por que isso acontece? Quem disse que o cansaço tem relação com aquilo que fazemos?

Alguns declaram que estão cansados por trabalhar demais...outros por não trabalharem! Então...fazer cansa? Sim! E não fazer? Cansa também...

Interessante.

Alguns exclamam: "estou cansado de ficar sozinho!", ao passo que outros dizem estar cansados da esposa ou do marido...então, estar só cansa, e estar casado também? Me responda uma coisa: como é que alguém que está cansado de estar só descansa? Colocando alguém do seu lado? E quem está cansado de ter alguém do seu lado? Mandando o outro embora? Não é interessante?

Uns reclamam do cônjuge por ele estar sempre ocupado e apressado...outros pelos respectivos não fazerem nada, não terem iniciativa...e aí, estar ocupado cansa? E ter tempo livre cansa também?

E aqueles que reclamam estarem cansados da vida? "rapaz, estou cansado da vida que eu vivo..." mas ao mesmo tempo tem medo de morrer. Como é que alguém que está cansado da vida descansa? Tirando sua própria vida ?

Alguns buscam mudar o visual. Cansaram do que veem no espelho. Tingem o cabelo, cortam, alisam, encrespam...e depois de algum tempo, continuam cansados. Eram cansados feios...tornaram-se cansados bonitos!

Outros buscam um novo emprego. Pedem as contas, e de cansados empregados tornam-se cansados desempregados...

Quantos já ouviram esta pergunta - e aí, descansou? - depois de um período de férias?

Cansaço, cansaço, cansaço...

Ufa! Só de escrever cansaço já deu uma "canseira"...

Depois de tanta "canseira", onde podemos realmente achar descanso para nossas almas?

Antes de tratar do que fazer, vamos ver um exemplo do que não fazer. Veremos exatamente o caminha trilhado pela grande maioria, e ficará óbvio o fracasso em buscar descanso nos lugares errados. Acompanhe comigo:

Salomão em seu trono
Salomão, que reinou em lugar de seu pai Davi, disserta, entre outras coisas, sobre sua busca por descanso no livro de Eclesiastes (escrito no período final de sua vida). É muito interessante observar a abordagem que ele dá ao tema, pois parte do ponto de vista de si mesmo e dos resultados das experiências que teve. O primeiro capítulo, no versículo dois, já traz uma introdução bem animadora do assunto:

Coisas inúteis e mais inúteis!, - diz o Pregador - Coisas inúteis e mais inúteis! Tudo é inútil!

Trocar de emprego é inútil...trabalhar demais é inútil...ir para o salão de beleza, trocar o carro, ficar sem fazer nada....é inútil! Trocar de esposa ou marido? Aí é pecado mesmo!

Dentro do contexto trazido pelo autor, sigamos a leitura até o versículo nove:

"Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho que ele trabalha abaixo do sol?  Geração vai, e geração vem; porém a terra permanece para sempre.  O sol nasce, e o sol se põe; e se apressa ao seu lugar onde nasceu.  O vento vai ao sul, e rodeia para o norte; continuamente o vento vai rodeando e voltando aos lugares onde circulou.  Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar onde os ribeiros correm, para ali eles voltam a correr.  Todas estas coisas são tão cansativas, que ninguém consegue descrever; os olhos não ficam satisfeitos de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.  O que foi, isso será; e o que se fez, isso será feito; de modo que nada há de novo abaixo do sol". Ec 1.3-9

É...não creio que Salomão pudesse ganhar a vida com palestras motivacionais! Ele trata aqui do cotidiano, da rotina diária. De quando acordamos todos os dias no mesmo horário, fazemos as mesmas coisas, ouvimos as mesmas desculpas esfarrapadas de sempre, as mentiras, a futilidade, o trânsito...semana após semana, mês após mês, ano após ano...

Como você acha que ele se sentia? Exatamente como nós: cansado...

Ele vai então trilhar o caminho que muitos fazem: colocar a mochila nas costas e vazar! Fui! Será esta a resposta?

"Disse a mim mesmo: experimentarei o prazer e verificarei o que é alegria." Ec 2.1a

Ele disse isso a si mesmo provavelmente por estar se sentido só. Em outras palavras, está dizendo: "quer saber? Vou sair mesmo, vou prá (sic) balada..." . Em nossos dias, Salomão iria se tornar um frequentador de boates, bailões e afins...

O resultado?

" ...eis, porém, que também aí só encontrei futilidade. Em relação ao riso, concluí: é loucura! - e em relação à alegria me perguntei: a que conduz?

O que ele encontrou? Mais inutilidade...depois das luzes desligadas, do silêncio...sobrou a ressaca e o cansaço."é bobagem" - ele diz - "risos fúteis de nada servem"...

E ele continua:

"Procurei deliciar meu coração com o vinho, mantendo ao mesmo tempo a sabedoria e insensatez, a fim de descobrir o que, para os filhos dos homens, é melhor para se praticar debaixo do sol, durante o tempo de suas vidas". Ec 2.3

Em termo bem popular, Salomão "encheu a cara"! Todo bêbado parece alegre....mas a ressaca veio, a dor de cabeça e a realidade continuavam ali. E o que ele busca então?

"Fiz para mim obras grandiosas; construí casas para mim; plantei vinhas para mim. Fiz para mim pomares e jardins; e plantei neles árvores de toda espécie de frutos. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que se plantavam as árvores. Adquiri escravos e escravas, e tive escravos nascidos em casa; também tive grande rebanho de vacas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém". Ec 2.4-7

Bom, agora Salomão torna-se um workaholic. Trabalhar, trabalhar e trabalhar...se o tal "deixa a vida me levar" não adiantou, quem sabe empreender grandes realizações? Obras faraônicas? Acumular riquezas? E ele acumula, acumula (...acumulei também prata e ouro, e províncias...), mas....NADA! O seu interior continuava o mesmo! E agora? Bom, que tal trocar o cd?

 "...reservei para mim cantores e cantoras..." (verso 8b) 

Hum....mudar a trilha sonora...ouvir outras coisas. Vistar museus, exposições de arte, ir ao cinema? E quem sabe...

"...e dos prazeres dos filhos dos homens: várias mulheres". (verso 8c)

Concubinas em grande número. Mulheres, orgias. Se isso resolvesse, ele estaria mais que feliz! Ele teve 1000 mulheres...mas quer saber? Nada novamente! 

Percebeu? Os métodos "modernos" de saciar a alma - noitadas, bebida, trabalho em demasia, prostituição - não podem e nunca poderão trazer o descanso que precisamos. Porque este descanso que tratamos aqui não é físico e nem psicológico...é da alma!

Sabendo disso, Jesus nos ensina que:

"Vinde a mim todos os que estais cansados, e carregados, e eu vos farei descansar. Tomai sobre vós meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas". Mt 11.28,29


Algumas lições importante aprendemos aqui:

1 - o cansaço é uma realidade para todos nós: independente de origem, profissão ou classe social. Desde que o pecado entrou nesta terra, "...do suor do teu rosto comerás o pão..." (Gn 3.19). Sendo o cansaço uma realidade, temos então a segunda lição:

2 - ir a Jesus e tomar seu jugo: Há, no grego, um imperativo aqui (Ελθετε venha! ) que nos mostra a força deste convite. Não é algo despretensioso, mas quase que uma ordem para seus ouvintes: Venham! Jesus usa o exemplo pastoril de dois bois ligados entre si por uma canga, ou jugo. Isso facilitava o trabalho dos animais, pois era mais fácil suportar o trabalho e cansava menos. Temos, em Jesus, uma provisão de força onde podemos vencer os ventos contrários que procuram nos impedir de seguir em frente.

3 - aprender de Jesus: aprender aqui (μαθετε) traz aceitar o próprio Cristo, rejeitando a existência antiga e começando uma nova vida como discípulo dEle. Não se trata aqui de um aprendizado intelectual. É trazer para o âmago do homem a humildade e mansidão, contrários à natureza egoísta e pecaminosa do velho homem. É tornar-se um discípulo de Jesus em Sua essência...

4 - aprender a descansar nEle: Mateus usa aqui uma palavra grega (αναπαυσει) que tem o conceito de pausa. Jesus, então, nos chama para um momento de descanso em meio às atividades. Lembra de Marta e Maria? O problema de Marta não era trabalhar, mas trabalhar no hora errada! Existem momentos de pausa, onde devemos deixar nosso cotidiano de lado para focar em outra coisa - aqui, no ensino do Salvador. Qual a última vez que você realmente conseguiu para tudo o que estava fazendo e descansar? Quando foi a última vez que você passou algum tempo na presença de Deus, desfrutando de Sua companhia?

Deus está dizendo: quer vencer o cansaço? Descubra o foco dele!". E onde ele se aloja? Na alma (psiquê). Por isso ações e fatores externos não conseguem trazer o descanso. Se o cansaço é dentro, não há mulher, carro, posses ou dinheiro que resolva! Jesus sabia que o ser humano tende ao cansaço, e mais ainda, busca suprir de descanso a alma onde não há provisão para tal.

E por último: lembre-se da conjunção aditiva "e" na sentença de Jesus:

"Tomai sobre vós o meu jugo, E aprendei de mim...E achareis descanso para vossas almas"


Em Cristo,

Pr. Daniel





quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A hiena Hardy de todos nós...

Fim de ano chegando...já se ouve o barulho dos pratos das refeições em família, o alvoroço das crianças correndo para todos os lados e o reencontro com aqueles distantes pela geografia (às vezes, nem tão longe assim...a distância pode ser mesmo no coração...enfim....). O fato é que observamos uma mudança de "atmosfera", algo no ar, sendo absorvida aos poucos por todos nós. Acrescente a isso  as férias chegando (ou mesmo apenas alguns dias de folga) e temos alguns elementos que criam  uma certa "tensão" no ar,  frente à expectativa de mais um fim de ano.

É interessante observar os "ingredientes" que compõe este momento: os reencontros familiares, as refeições fartas, o relaxamento das obrigações cotidianas, o arrumar as malas e viajar e....claro, as promessas! Os planos propostos em nosso coração, aos outros e a Deus. Quantas são, não é? Tão comuns quanto à música de fim de ano da Globo (...hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem vier...). Mas por que elas nos atraem tanto? 

Independentemente da condição real vivida por nós, sempre nos anima o fato de uma mudança de data ser um marco para mudanças (quantas dietas mesmo começarão toda segunda-feira? E porque não no domingo?). Dentre todas, a virada de ano traz consigo este "clima" gerado pela mídia e pela cultura de celebrar o novo. Obviamente, nosso inconsciente capta isso e sentimos mesmo algo diferente em nossas emoções. E o que fazemos? Promessas....

Imagino que poucos façam esta análise, mas quantos podem olhar para trás e perceber o que se tornou concreto ou ficou no campo das ideias? O que fazemos quando olhamos para dentro de nós e constatamos que ainda falta?

O ano de 2012 será um ano político, e já até nos preparamos para elas: as promessas. Talvez daí venha, somado àquelas ouvidas de amigos, conhecidos e afins, o sentimento de descrédito, daquele - sei... - ao ouvir este tipo de discurso. O motivo, claro, é a distância entre o que se fala e o que se cumpre. Porém, como cristãos, muitas vezes tratamos as promessas de homens e as promessas de Deus como iguais, desconfiando de todas. Como cristãos, não podemos agir assim. Por mais que o conteúdo de ambas pode ser idêntico às vezes, há uma enorme diferença entre a origem de cada uma. Se não nos atentarmos a isso, deixamos de viver livres e esperançosos, confiantes na graça e soberania divinas, e passamos a andar taciturnos e rabugentos, reclamando de tudo como a hiena Hardy, famoso desenho de Hanna-Barbara dos anos 60 (eu lembro desse...é, a idade chega! Oh, céus, oh vida....rs....)

Vejamos um exemplo bíblico de alguém que resistiu às intempéries de uma geração corrompida e perseverou nas Palavras de nosso Deus. Acompanhe:

"Então os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: Tu sabes a palavra que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades Barnéia, por causa de mim e de ti" Js 14.6
Veja bem: este diálogo aconteceu 45 anos após Deus ter dado a promessa! Na época, a primeira geração de israelitas falhou em crer na promessa dada pelo Senhor a respeito da conquista da terra de Canaã, e somente Josué e Calebe permaneceram fiéis. Por isso, como recompensa, Deus entrega uma porção de terra a Calebe. É isto sobre isso a menção à promessa que ele faz.

A isso chama-se . Ele nunca duvidou...e olha que o ambiente não era dos mais agradáveis! Calebe viveu, após o fracasso daquela primeira geração, 45 anos no deserto com eles! Imagine a situação: você está lá, no meio do povo, cheio de fé. Vê com seus olhos a verdade do que Deus havia dito: a terra é boa...mana leite e mel...chega de escravidão! Adeus tijolos egípcios...é somente crer e lutar, assumir a responsabilidade de conquista e trabalhar....finalmente! Mas....

Você olha para o lado, e tudo o que vê são olhares de descrédito e zombaria. A maioria esmagadora não crê e prefere voltar à escravidão...suas palavras de ânimos são abafadas pela murmuração da maioria...e, estupefato, vê seu plano de vida sendo adiado por um tempo...aliás, um longo tempo!

Como você reagiria a isso? Espalharia acusações por todos os lados? Ficaria de braços cruzados, bravo com Deus? Fugiria? Afinal de contas, você crê mas, pelo atitude da maioria, é levado de volta ao deserto...logo agora que estava tão perto!

Mas não aquele homem. Independente da situação ao seu redor, sua fé em Deus foi suficiente para lhe garantir a sanidade mental e a força emocional para atravessar os próximos 45 anos de espera. Deixe eu repetir: quarenta e cinco anos! Não foram quarenta e cinco horas, dias ou semanas....mas anos! Nem vou perguntar o que faríamos ao receber de Deus uma resposta assim: "tudo bem, meu filho...vou conceder o que me pedes, mas somente daqui há quarenta e cinco anos..." Sobre isso, quero deixar aqui uma das pérolas preciosas encontradas nas Escrituras:

"Buscai no livro do Senhor e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a sua própria boca ordenou, e o seu Espírito mesmo as ajuntará" Is 34.16

O segundo aspecto a destacar encontramos no versículo seguinte de Josué:

"Da idade de quarenta anos era eu, quando Moisés, servo do Senhor, me enviou a Cades Barnéia a espiar a terra; e eu lhe trouxe resposta, como sentia no meu coração" Js14.7
Onde ele guardou as promessas? Onde ele creu na Palavra? No coração! Não é à toa que Jesus nos ensina a viver, em certos aspectos, como crianças para herdar o Reino. Creio este ser um deles. Experimente fazer uma promessa a uma criança pequena...ela normalmente não relativizará, não duvidará ou pedirá garantias...apenas crerá! Diga a seu filho de 4, 5 anos que vai comprar um brinquedo e ele não ficará preocupado com os rumos da economia na Espanha! Lembre-se de, acima de tudo, guardar seu coração, pois é dele que saem as fontes de vida. Não do dinheiro, das posses ou de outros (Pv 4.23). Veja: um coração cheio de ira, amargura e desconfiança não irá esperar pelo tempo da promessa...ele sempre procurará a independência, o velho fazer as coisas do meu jeito mesmo. Bom, já sabemos onde isso vai dar, não é?

O terceiro aspecto a destacar vemos aqui:

" Mas meus irmãos, que subiram comigo, fizeram derreter o coração do povo; eu, porém,  perseverei em seguir o Senhor, meu Deus" Js 14.8
Como falamos acima, Calebe foi perseverante e manteve sua fé, mesmo no meio de uma geração incrédula. Ao contrário da maioria, não foi na "onda" do povão. Não o vemos murmurando, reclamando, apontando o dedo para tudo e todos nem depressivo por ter tido seu sonho adiado. Ele apenas perseverou...estamos dispostos ao mesmo para receber a promessa? Outros em seu lugar falharam...Abraão tentou dar um jeito e arrumou uma inimizade com Seu filho Isaque que perdura até os dias de hoje...Moisés tentou ajudar um hebreu matando um egípcio e fugiu para o deserto por quarenta anos...Rebeca foi ajudar seu filho Jacó a receber a primogenitura no lugar de Esaú e nunca mais viu seu filho...

O preço a se pagar, às vezes, é alto demais. Não tente ajudar a Deus...confiar em Suas promessas, trabalhar com o que temos em nossas mãos é o melhor que podemos fazer. E esperar, claro...o mais difícil! Os três exemplos bíblicos acima tem um ponto em comum: tentaram adiantar o plano de Deus. Definitivamente isso não dá certo...

Por fim, é importante ressaltar os benefícios práticos em esperar em Deus e crer em Suas promessas. Vejamos o que aconteceu com Calebe:

1) Deus renovará as nossas forças: mesmo após tanto tempo, seu ânimo e força estavam intactos. Aqueles que ousam crer são surpreendidos pela graça divina, que nos sustenta e leva sempre adiante...

"E, ainda hoje, estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, para sair e para entrar" Js 14.11
2) A companhia majestosa do Pai: não apenas nos dias de culto ou em momentos esparsos, mas ter Ele sempre conosco. São momentos de alegria? Ali está o Pai regozijando com você. Tristeza e dor? Ali está o Supremo Pastor, com Sua mão nos guiando em meio ao vale da sombra da morte. Sede de esperança? Pois Ele faz brotar de nosso interior um rio de águas vivas....afinal, o que você precisa hoje?

 "Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia; pois, naquele dia, tu ouviste que os anaquins estão ali, grandes e fortes cidades há ali; porventura, o Senhor será comigo, para os derrotar, como o Senhor disse" Js14.12

Impressionante! Veja que Calebe sabe da presença de dificuldades, mesmo naquilo prometido pelo Senhor. Sim, há inimigos. Sim, eles são fortes. Sim, as muralhas são imensas....e sim, o Senhor é comigo e Ele me prometeu a vitória. Simples e poderoso.

Precisamos de algo mais?

Em Cristo,

Pr. Daniel









quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quando o problema é alguém que vemos no espelho...


Existem certas coisas que nos deixam perplexos e ansiosos. Frequentemente somos levados pelo nosso próprio ponto de vista e analisamos situações e pessoas a partir do que julgamos ser certo ou errado.  Isso é de certa forma normal, pois nossa natureza caída e egoísta nos faz "funcionar" de acordo com ela na grande maioria das vezes. Tanto que apenas aqueles que nasceram de novo tem a real capacidade de discernir isso e poder escolher um outro caminho...

Porém....

Todo cristão está num processo de ser transformado à imagem do Filho de Deus (Rm 8.29) e, portanto, há uma dinâmica sempre presente em sua vida. O ponto crucial é que esquecemos disto... lembramos sim de um sermão, palavra ou situação onde "outros" deveriam estar presentes e receber aquilo...mas nós não. Frequentemente. Aí reside o "x" da questão. Afinal de contas, o problema são os outros mesmo....ou seremos nós?

Você já questionou o que há de errado quando ora por alguma situação e esta não muda?

Vejamos o que a Bíblia tem a falar sobre isso:

Disse o Senhor a Moisés: Entra a Faraó, pois Eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles, e para que contes aos ouvidos de teus filhos e dos filhos de teus filhos que coisas tenho feito no Egito, e os meus prodígios que tenho feito no meio deles; a fim de que saibais que Eu sou o Senhor.
Êx 10.1,2

Interessante o paradoxo encontrado aqui. Deus envia Moisés para libertar o povo da escravidão no Egito, e ao mesmo tempo afirma a ele: "Seguinte, Moisés. Você vai lá diante de Faraó e diga a ele para libertar o meu povo. Mas ele não vai concordar com isso, pois eu endureci o seu coração com relação a você e seus irmãos...".

Estranho, não é? Imagine-se no lugar de Moisés por um momento..."Como?!? Ir falar com ele, sabendo que ele não vai ceder de jeito nenhum, pois o Senhor mesmo irá fazer agi-lo assim? Que perda de tempo é essa? Será que ouvi direito?

O que você pensaria? Certamente poderíamos cogitar muitas coisas, mas o fato é a narrativa afirmar o endurecimento do coração do monarca e a ordem para ir confrontá-lo mesmo assim. Qual a motivação por trás deste ato?

O texto segue explicitando o motivo: para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles...é importante ter em mente aqui a soberania de Deus, e que Suas atitudes nunca são impensadas ou alheia à algum propósito. Não sei para você, mas para mim é um motivo de descanso na alma poder confiar na graça e no poder de nosso Deus...deste modo, os sinais teriam um efeito poderoso na mentalidade do povo. Mas que povo? Naturalmente pensaríamos nos egípcios, não é? Mas não se apresse....sigamos mais um pouco no texto, e descobriremos sobre quem repousava o alvo de Deus...

"...para que contes aos ouvidos de teus filhos e dos filhos de teus filhos que coisas tenho feito no Egito, e os meus prodígios que tenho feito no meio deles; a fim de que saibais que Eu sou o Senhor." Êx 10.1,2

Percebeu o alvo aqui? Os Israelitas! Eles sempre estiveram diante dos "olhos" de Deus...e tudo aquilo tinha como objetivo mudar a maneira de ver a vida e a Deus! Provavelmente não notamos isso numa leitura rápida...mas o fato é que o motivo de Deus endurecer o coração de Faraó e dos egípcios era trabalhar no coração dos israelitas. Grave bem isso em sua mente.

Afinal de contas...

Com quantos corações endurecidos você já se deparou? Teve que relacionar com eles? No lar, no trabalho, no rol de amigos...nas mais diversas ocasiões e circunstâncias somos confrontados com isso. E o que fazemos? Oramos para que os outros mudem de atitude, não é? Partimos do velho princípio de que nós estamos certos, e o mundo, errado...

Deus queria incutir na mentalidade do povo uma nova cultura. Tenha em mente o fato de terem nascido escravos, condicionados a um comportamento passivo diante da vida. Como você imagina que era a educação das crianças, da próxima geração, naquele meio? Não me admira o fato de terem perecido no deserto pela incredulidade...aliás, já vemos aqui um vislumbre disso no fato das gerações seguintes entrarem na promessa. Mas o ponto a ressaltar aqui é a responsabilidade delegada aos pais de, após testemunharem o livramento miraculoso e experimentar servir ao Deus vivo, de ensinarem seus filhos a respeito deste Deus - uma espécie de home-schooling primitivo...interessante...

Isso nos leva a meditar num ponto: que tipo de discurso nossos filhos ouvem em casa? Tem eles ouvido a respeito das obras e da graça de Deus, ou apenas a murmuração a respeito da igreja, do trabalho, das outras pessoas? Que tipo de cultura criamos para a próxima geração? O quanto da rebelião de nossos filhos não é fruto de lábios ingratos e mentirosos dos pais nos lares? E claro, a culpa sempre é dos outros...

Saiba de uma coisa: se oramos por determinada situação e ela não muda, talvez quem deva mudar somos nós! Sim, Deus ainda endurece o coração de pessoas ao nosso redor no intuito de nos humilhar e nos moldar à imagem de Cristo.

Para aquela geração, dez pragas foram suficientes em demonstrar quem Deus era, quem eles eram, e a quem serviam...a lição, de fato, foi absorvida. , você pode perguntar, mas eles não morreram no desertoNão foram rebeldes e de coração duro? Sim. Mas seus filhos herdaram a promessa, por confiarem que o Deus da libertação da escravidão de seus pais era o mesmo que os levaria à vitória da conquista da Terra Prometida.

Para terminar, deixo aqui uma pergunta:

Quantas "pragas" são necessárias para nos ensinar o fato de que precisamos mudar? Até que ponto a dureza dos outros não é reflexo da dureza do nosso coração?

Solideogloria

Pr. Daniel

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Delas é o Reino...


Neste dia das crianças, foi me pedido uma breve reflexão sobre elas e a situação das famílias em geral, ou uma palavra sobre família para não cristãos. Aí a coisa me pegou: para onde olhar num mundo tão conturbado? Como apresentar um quadro relevante para aqueles envoltos na desesperança?

E o que o dia das crianças tem a ver como todos nós?

Em especial, é interessante observar o modo como Jesus as tratava. Geralmente, lembramos delas nos cultos pelo "agito" ou interação que fazem, alheias à "liturgia" do mesmo. E nem poderia ser diferente, se realmente cremos que estamos juntos buscando ao Pai... Porém, Jesus sempre parava o que estava fazendo para dar atenção especial a elas...veja os textos:


Mateus 19:13,14 Trouxeram-lhe,então, algumas crianças, para que sobre eles pusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impedíeis de vir a mim, porque das tais é o Reino dos Céus.

Delas é o Reino....creio ter esta afirmação mais implicações que possamos imaginar, acostumados a elucubrações teológicas de tempos em tempos...delas é o Reino...deixe estas palavras ecoarem em seu coração por um momento...

Que Reino? Em que sentido podemos experimentar este Reino em nossos lares? O salmista traz um quadro bastante significativo no Salmo 128:


BEM-AVENTURADO aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos: feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR. O SENHOR te abençoará desde Sião, e tu verás os bens de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.
Observe a realidade do Reino aqui, impregnada na rotina do lar. Os elementos são claros:

- um marido posicionado como sacerdote do lar, que teme ao Senhor e o conhece. Além do benefício gracioso de um relacionamento com Deus, a influência da vida do Reino se estende ao seu lar, atingindo seu trabalho (comerás do trabalho de tuas mãos) e satisfação (feliz serás, e te irá bem). Já por aqui, encontramos duas pedras preciosas tão raras nos dias de hoje: um homem posicionado em sua casa e satisfeito com as bênçãos dadas por Deus. Infelizmente, o que mais vemos por aí são aqueles correndo atrás do vento, como diria o escritor de Provérbios...

- a esposa frutífera ao seu lado. A Bíblia chama de virtuosa aquela que edifica seu lar, ajudando seu marido e sendo o ponto central do lar que mantém os filhos e o esposo ao redor da mesa. Ela possui muitos frutos, desde os espirituais aos naturais, estendendo o cuidado amoroso na vida dos filhos...observe o lugar onde eles estão: ao redor da mesa! Sim, a tão sonhada unidade familiar...bem diferente do quadro encontrado por aí, onde os lares tem sido sistematicamente destruídos e, como numa reação atômica, os elementos que compõe a família são lançados cada vez mais longe uns dos outros...quantos sonham com apenas uma refeição em paz, compartilhando do amor familiar?

- por último, outros aspectos simples e  importantes presentes: testemunhar o crescimento dos filhos e ver a bênção de Deus presente em sua descendência.... A longevidade com qualidade de vida. 

Quantas coisas tremendas neste pequeno texto! Quanto é gasto atrás disso, sendo que no Senhor encontramos a realidade deste Reino disponível a todos nós, pela graça?

Qual a realidade de seu lar hoje? 

Para terminar, uma breve reflexão sobre um pensamento comumente falado por aí: geralmente perguntamos que mundo deixaremos para nossos filhos...mas a pergunta deveria ser: que filhos deixaremos para esse mundo?

Pense nisso! E fique com a pureza da resposta das crianças...pois delas é sim, o Reino dos Céus...

Solideogloria


Pr. Daniel

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tem saída um beco sem saída?


As crises....

Como uma torrente repentina de águas, um vento impetuoso que chega sem avisar...ou mesmo quando sabemos das consequências de nosso atos, mas no íntimo torcemos para que, de algum modo, possamos acelerar o tempo ou evitar encarar a crua realidade prestes a nos tomar de assalto. E a sensação de impotência só tende a aumentar... os minutos se transformam em horas, e cada movimento do relógio parece denunciar a sombra que lentamente recai sobre nós...

As crises...

Algumas são imprevisíveis como um ladrão na noite, prestes a se abater sobre sua vítima. E de uma hora para a outra, passamos a lutar com um intruso que procura roubar a nossa rotina, ocupando nossa mente com sua incômoda presença. De certo modo, muitas vezes parece ser mais fácil (se é que isso é possível) lidar com situações assim. Ninguém, debaixo do sol (como diria o rei Salomão) está isento de algo dessa natureza.

Mas e quando somos nós quem provocamos as crises, onde a mente torna-se obsessiva ao recordar os momentos antes de determinadas atitudes? Quando nossos pensamentos rodam em torno do "E Se...."? Sim, a situação torna-se, na maiorias das vezes, insuportável.

Em certa ocasião, o rei Davi, após longo período de guerras e vitórias, resolve relaxar sua rotina e, ao invés de sair à guerra como sempre fizera, resolve ficar em casa. "-Vá Joabe...vença por mim e me traga os despojos da guerra..". Esse invariavelmente é o começo de muitas crises - deixamos de lado nossas responsabilidades e permanecemos onde não deveríamos mais estar. O lugar de Davi era na guerra, mas ele resolve ficar em casa. Do mesmo modo, quantas vezes relaxamos demais com as nossas obrigações? Deveríamos estar trabalhando, mas jogamos paciência no computador...um sofá e uma TV ao invés de estudar... achar que a escola ou a igreja tem o papel disciplinar e ensinar os filhos, enquanto estamos ocupados demais conosco mesmos... deixar para terapeutas resolverem nossos problemas conjugais, e não tomamos providência alguma, a não ser pagar o analista...

O resultado da omissão de Davi? Uma mulher que não era sua esperando um filho seu, um de seus leais soldados assassinado por ordem dele mesmo, e o sangue derramado que cobraria um alto preço em sua casa.

As crises...

Vejamos o que acontece em seguida:

"E buscou a Davi a  Deus pela criança; e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra: então os anciãos da sua casa se levantaram e foram ter com ele, para o levantar da terra: porém ele não quis, e não comeu pão com eles". 2Sm 12.16-17

O que se passava na cabeça de Davi? Teria ele revivido os momentos no terraço, onde contemplava aquela mulher? Quem sabe rememorando os momentos anteriores à ordem para a trazer diante de si...ou o conselho ignorado de Joabe (ela não é sua mulher, mas de Urias...)... Quantas vezes já nos sentimos assim, olhando no espelho e pensando: se ao menos....eu não atendesse aquele telefonema, ou não retribuísse o olhar...ou não aceitasse o suborno...ou não cedesse à pressão da maioria... Se ao menos...

Mas o fato é que, depois de confrontado pelo profeta Natã (cerca de 12 meses depois do fato) lá estava ele,enfrentando a realidade da sentença de morte que pairava sobre a criança e diante dAquele que poderia realizar o milagre. 

Interessante a atitude dos servos, apreensivos sobre o que fazer com o rei. "Será que podemos ajudar em algo? Quem sabe possamos fazer alguma coisa para amenizar sua aflição"...porém o rei prontamente recusa qualquer ajuda. A dor é grande o bastante para lhe roubar o sono, a fome e a companhia de seus amigos. Natã, seu conselheiro, profeta e amigo não aparece na cena. Ninguém estava em condições de ajudar Davi, assim como também estamos muitas vezes sozinhos em momentos como esses. Por mais bem intencionadas que sejam, a ajuda que precisamos não é humana, mas divina. E precisamos encarar isso de frente, pois tal atitude pode evitar um desastre maior ainda. Aliás, o que poderia ser pior do que contemplar os efeitos de nossas falhas?

Creio que perder a  e a esperança...

Mas não vamos adiantar o assunto...vejamos o desenrolar da cena:

"E sucedeu que ao sétimo dia morreu a criança; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança era morta, porque diziam; Eis que, sendo a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como pois lhe diremos que a criança é morta?Porque mais mal lhe faria. Viu porém Davi que seus servos falavam baixo e entendeu Davi que a criança era morta, pelo que disse Davi a seus servos: É morta a criança? E eles disseram: é morta" 2Sm 12.18-19

Chega então a notícia de que a criança havia falecido. Nada mais se podia fazer. Que atitude nos sobra em situações assim? O grande perigo aqui é deixar-se arrastar ainda mais para o fundo do poço. O coração pode tornar-se cheio de medo e culpa e o amanhã passa a ser um quadro negro sem perspectiva alguma. Muitos aqui tornam-se tão amargurados consigo mesmos e com a vida que chegam ao ponto de não suportarem nem mais respirar, e acabam tirando sua própria vida. Realmente, o quandro é desesperador. 

Mas há outro caminho...observe a atitude de Davi:

"Então Davi se levantou da terra, se lavou, e se ungiu, e mudou de vestidos, e entrou na casa do SENHOR, e adorou: então veio a sua casa e pediu pão; e lhe deram pão e comeu". 2Sm 12.20

Impressionante! Ao invés de declarar luto oficial no reino, de lamentar com todos ou se esconder em alguma caverna no deserto, Davi se levanta e retoma sua rotina! E quem, na rotina do salmista, recebe a "primeira visita"?

O Senhor! O Grande Pastor, fonte de inspiração em tantos momentos de oração...aquele mesmo que o havia adestrado na guerra, o treinado no anonimato e o chamado para pastorear a nação de Israel. Antes de suprir suas necessidades físicas (pois estava em jejum), Davi procura seu Pastor e o adora  - a palavra hebraica aqui traz a ideia de que ele se prostra diante de Deus - numa atitude de submissão à Sua vontade. "Certo, Senhor...se é Sua vontade levar a criança, eu aceito, certo de ter feito tudo o que pude por ela. Mas a vida continua...e vou tratar de vivê-la da melhor forma que O agrade"... Isso nos leva ao próximo ponto: prosseguir com a vida...

Claro que não é fácil. Falar de um fato como este e vivê-lo em sua intensidade são coisas bem diferentes. Porém todos nós, em maior ou menor grau, passamos por momentos assim. Talvez o que esteja diante de você não seja um inocente correndo risco de morte, mas os papéis de divórcio que chegaram pelo correio. Ou a ordem de despejo, os papéis da falência, a carta de demissão...de algum modo a crua realidade senta-se ao seu lado, com uma pergunta nos lábios: "e agora"? O que vai fazer daqui para frente?

Veja o que Davi fez:

"E disseram-lhe seus servos: que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém depois que morreu a criança te lavaste e comesse pão. E disse ele: vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe ainda o SENHOR se compadecerá de mim, e viva a criança? Porém, agora que ela é morta, porque jejuaria eu agora? Poderei eu fazê-la mais voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará a mim" 2Sm 12.21-23

Eu fico impressionado com a postura de Davi. Sua visão clara dos fatos é extraordinária. Ele sabe que nada mais pode fazer pela criança. Veja como uma compreensão clara de como a vida funciona traz um discernimento que é importantíssimo em momentos de crise. Ele sabia certamente do que, há algum tempo, Deus havia falado a respeito de Saul ao seu antigo mentor, Samuel:

"Então disse o SENHOR a Samuel: até quando terás dó de Saul, tendo eu o rejeitado, para que não reine sobre Israel? 1Sm 16.1a

A sutil armadilha aqui é se lamentar e jogar as âncoras de sua vida no passado. Assim como Samuel se lamentava do fato de Saul ter sido rejeitado por Deus como rei, ao invés de procurar onde Deus faria sua próxima ação, também ficamos "ruminando" coisas, fatos e pessoas que passaram por nossas vidas. E na grande maioria das vezes são situações onde sonhamos com alguma coisa bem diferente daquilo vivenciado no hoje. Se eu estivesse neste emprego...morando naquele lugar....não tivesse deixado de lado a fé...se eu continuasse por mais um pouco...

Davi podia ter caído em qualquer uma dessas armadilhas, mas não. Ele tinha um conhecimento suficiente do caráter de Deus para interromper os planos em sua vida. Qual era mesmo o seu chamado? Ser o pastor de Israel - o rei. Pois mesmo diante de tal tragédia familiar, ele faz o melhor que pode. Enfrenta a realidade como ela é, e não se esconde atrás da depressão ou deixa-se iludir com qualquer coisa. 

Poderei eu fazê-la mais a voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará a mim... aqui está a chave! Quanto tempo jogamos fora insistindo que coisas que já foram, que não voltarão? O melhor a fazer é juntar os cacos do que sobrou e continuar a viver o plano de Deus...veja o que fez Davi:

"Então consolou Davi a BateSeba, sua mulher e entrou a ela, e se deitou com ela: e teve um filho, e chamou seu nome Salomão: e o SENHOR o amou". 2Sm 12.24 (grifo nosso)

Observe que Davi toma BateSeba por sua mulher, assumindo a responsabilidade sobre ela; ele não a rejeitou, mas a consolou e deu continuidade a sua vida. Creio que temos aqui um claro indício de como Davi administrou bem aquela situação ao nomear seu próximo como Salomão(שלמה). A raiz hebraica deste nome (a mesma da palavra שלום shalom), que tem o sentido, segundo Strong's de terminar ou completar algo; entrar num estado de integridade e unidade, de participar de um relacionamento restaurado. Em seus dois atos finais aqui, percebemos duas atitudes vitais: assumir as responsabilidades (ou se posicionar), o qual foi o estopim de toda esta situação (lembre-se de que ele deveria ter ido à guerra) e fechar o ciclo. O que importava era o que aconteceria dali em diante. Deus mesmo o havia ensinado a viver desta forma, desde o tempo em que pastoreava as ovelhas de seu pai, Jessé.


Portanto, ao fim desta leitura específica da vida do "matador de gigantes", algumas lições devem ficar gravadas em nossos corações:

1) Nunca abandone sua posição: seja no lar, no trabalho ou nos relacionamentos que possui. Muitas vezes o  marido é displicente com suas responsabilidades, sobrecarregando a mulher e os filhos; ou  a esposa não entende que nas suas mãos está a escolha de edificar ou não seu lar (Pv 14.1). Há uma posição que, se abandonada ou desprezada, traz consigo sérios danos que podem se estender por gerações.

2) Procure ajuda no lugar certo: Davi sabia que só havia um lugar onde buscar socorro: o SENHOR. em determinadas situações, nenhuma pessoa pode nos ajudar. A Palavra promete ajuda em tempo oportuno (Hb 4.16) e ir diretamente à fonte é certeza de esperança ao invés do desespero.

3) Não seja ingênuo, mas faça a leitura correta dos fatos: Davi conhecia Deus o suficiente para poder se firmar em crises como essa. Ele sabia que a criança só viveria se Deus agisse, e buscou isso com tudo o que pode. Mas assim que soube da resposta de Deus, não O culpou, nem aos outros. Ele fez o que melhor podia fazer com tudo aquilo, e seguiu em frente - exatamente o que nos leva à próxima lição:

4) Submeta-se à sabedoria divina: com certeza, não entendemos muitos das ações divinas, pois nossa visão acerca dos fatos é muito limitada. Independente do que fosse acontecer, Davi confiava o suficiente em Deus para aceitar que os caminhos do Pai eram mais altos que os seus. Então, não lute contra Ele, mas aceite com um coração contrito que Deus sabe o que faz. Nós não.

5) Continue em frente: Davi não abandonou seu chamado de ser Rei sobre Israel. Ele, como Paulo escreveria anos mais tarde, esqueceu das coisas que para trás ficaram e avançou para as que estavam diante dele (Fp 3.14). Davi consolou BateSeba e teve outro filho com ela. E aqui temos o ponto final de tudo. O nome que ele deu ao menino, Salomão - como um marco final da crise existente em sua vida. Isso estava tão vívido em seu interior ao ponto de, sempre que porventura as acusações passadas viessem a ele, Davi podia olhar para seu filho e lembrar: aquele ciclo terminou...eu hoje continuo vivendo o chamado que recebi do Senhor, e vou continuar a fazer o melhor que posso para agradar o meu Pai Celestial...

Que os Salomões possam nascer em nossas vidas! 

Em Cristo, 

Daniel
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